O Centro
Nos últimos 20 anos, temos estado presentes em vários projetos espalhados pelo centro histórico classificado da cidade, onde também nascemos e onde estamos sedeados. Estes projetos, referem-se a construções realizadas no centro histórico de Viana do Castelo, uma porção de terra entalada entre a linha férrea a nascente, o rio Lima a sul, o oceano Atlântico a poente e o monte de Sta. Luzia a norte. Em conjunto, somam-se num total de cerca 50 projetos concluídos e em construção. Este número comparando com a dimensão desta área da cidade é indicador da influência que o nosso trabalho tem na sua imagem. Alguns deles, foram mesmo estruturantes, e importantes para a sua consolidação e transformação urbana, como por exemplo a abertura de dois novos arruamentos na zona nascente do seu centro. Hotéis, edifícios residenciais multifamiliares novos e reabilitados, habitações unifamiliares, farmácia, restaurantes, lar de idosos e um museu, são exemplos de alguns dos nossos edifícios, que marcam presença nas ruas da cidade, contribuindo para a definição da imagem do ambiente urbano que proporciona.
Este centro urbano é composto por duas freguesias (Sta Maria Maior e Monserrate), apresenta uma estrutura urbana de origem medieval, com arruamentos maioritariamente paralelos ao rio lima, com o qual se relaciona, privilegiando o eixo nascente poente. Este centro, bem consolidado, acolhe várias intervenções da nossa autoria, que ao longo dos últimos anos temos vindo a recuperar, reabilitar e a transformar. Viana do Castelo é para nós um caso de estudo diário. Pensar a cidade onde nascemos, vivemos e trabalhamos, é uma constante. O cuidado nas intervenções sobretudo na reabilitação dos edifícios com história faz parte do nosso ADN. É bom percorrermos as pequenas e apertadas ruas deste centro e identificamos facilmente as obras deste gabinete.
Temos a noção que no século XXI, manter uma imagem da cidade baseada apenas em edifícios do século XVIII e XIX não deve ser um obstáculo à evolução e desenvolvimento urbano. Por isso, acreditamos que os edifícios devem refletir o seu tempo, e que soluções contemporâneas, como algumas que temos desenvolvido, são fundamentais para a evolução histórica da cidade e sua datação no espaço temporal.
No centro histórico classificado, muitos dos edifícios existentes são pequenos e incapazes de acolher programas simples, como por exemplo, uma habitação de tipologia T3. Por essa razão, consideramos importante encontrar soluções que permitam a reabilitação destes edifícios, mantendo a sua identidade histórica, mas permitindo a sua reutilização através da possibilidade de junção de parcelas. Nesta área, além das igrejas e outros monumentos históricos, existem alguns edifícios de maior dimensão e escala que naturalmente vão sendo adaptados a programas mais exigentes como por exemplo hotéis, museus, etc.
Em conclusão, a nossa presença na cidade tem sido importante para a sua transformação e preservação. Continuaremos a trabalhar em projetos que contribuam para a sua evolução urbana e a preservação da sua identidade histórica com o sentido de responsabilidade que nos caracteriza.
A periferia
Neste momento importa-nos compreender como se estruturará o centro histórico de Viana do Castelo na sua continuidade e extensão para a periferia. Entendemos que os planos orientadores existentes para regularização da dimensão da malha urbana, com mais de 30 anos, já não são eficazes. Nesta área da cidade, a estrutura urbana faz-se de forma livre, ao sabor das intervenções privadas que aí vão ocorrendo. Interessa-nos muito esta área de transição, que serve de charneira entre a área urbana de alta densidade para áreas urbanas de baixa densidade, interessando-nos também, como estas áreas conseguirão, no futuro coser a estrutura urbana com a estrutura urbana da outra margem do rio, de modo a proporcionar a necessária coesão do território. Só desta forma se obterá uma estrutura urbana que proporcione aos seus habitantes uma melhor organização, melhor mobilidade urbana, melhores ligações entre as duas margens, bem como a caracterização funcional das diferentes áreas urbanas.
Preocupamo-nos com o crescimento urbano da cidade e com estas áreas localizadas na margem direita do rio Lima e a sua conexão com a margem esquerda. É importante entendermos como futuramente esta área se prolongará e se integrará com a estrutura urbana da outra margem do rio e entender como se garantirá um território mais coeso, pois só dessa forma passaremos a ter uma área da cidade com condições para a sua expansão. É fundamental que a estrutura urbana da freguesia de Darque proporcione aos seus habitantes um melhor ambiente urbano e uma melhor qualidade de vida. Em 2018 foi por nós proposta uma ligação pedonal entre as duas margens. Reconhecemos que, no presente, a ponte pedonal já não é suficiente para cobrir as necessidades de ligação. Achamos sim, que é crucial a implementação de um novo atravessamento a montante da ponte Eiffel com uma plataforma ao nível da linha de comboio da ponte Eiffel, para automóveis e peões. Assim, poderíamos transformar o tabuleiro superior da ponte “velha” numa ligação pedonal e ciclovia, reforçando assim o seu estatuto de monumento. Este tabuleiro superior poderia funcionar como um espaço de ligação entre as margens com aproveitamento turístico e de lazer.
Ainda sobre a extensão para as freguesias urbanas localizadas a norte (Areosa) e a Nascente do centro, (Meadela), pelas condicionantes topográficas, e volume de área construída, entendemos que apenas têm margem de consolidação e pouca para a sua expansão. Numa visão mais alargada, o centro funciona como elemento aglutinador das freguesias do concelho, concentrando os serviços públicos e privados mais importantes na lógica de CBD (central business district). Reforçamos a ideia da necessidade de criar novos tramos de ligação entre as freguesias numa lógica mais local e a sua ligação ao centro, (algumas previstas no PDM de Viana do Castelo desde que este foi delineado). A E.N.13 e a linha férrea, são dois exemplos que fracturam a continuidade da cidade, funcionando como obstáculos que mais cedo ou mais tarde terão de ter uma solução. Temos algumas ideias e soluções para estes problemas, que precisam ser partilhadas e pensadas se para isso nos solicitarem.
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